guia prático pra lugar nenhum
2 min readJul 6, 2021

essa noite tive outro daqueles sonhos em que você tá acordado mas não consegue se mexer. foi pior que da primeira vez. alguém tentava entrar pela janela, mas eu não conseguia virar a cabeça pra ver. gritei: ah

não saiu som algum. gritei gritei acordei dormi gritei de novo até o corpo estalar e decidir apagar de vez. acordei cansada. cheguei a achar que isso fosse arruinar meu dia, mas as 10 eu dançava no corredor de grãos do guanabara. i do love my grains. mas essa cena foi mais sobre como eu amo ser ouvida quando falo bobeira e como amo ouvir bobagens. e como acho fácil dizer a palavra amor porque faço terapia há 7 anos. como aprendi a respeitar o tempo das outras pessoas.

o que eu nunca soube é dizer não. tô aprendendo[?]. percebi que todo mundo acha que eu já sei porque eu me ausento e aí esse fica sendo meu não, mas o que eu queria era aprender a usar a palavra: no, non, não, nananina, nem vem neném. falo três línguas mais ou menos, mas só sei dizer não em inglês. meu chefe elogia meus emails toda hora. “sabe se impor”. mas em português a vida vai acontecendo de jeitos estranhos e eu fico ali paralisada sem conseguir opinar. queria pedir desculpas pelos sinais confusos ou quaisquer transtornos que eu tenha causado mesmo sem estar consciente.

a culpa.

isso eu sei sentir a beça.

mas escuta, fiquei pensando nas coisas que fiz sem saber o porquê e percebi que mesmo sutil ele sempre existe. embora essa mania de querer crescer nos empurre sempre pra “soluções” de como ser a versão melhor de nós mesmos, às vezes a gente só precisa ouvir a versão que já está. nela também há sabedoria. só me falta ainda aprender a verbalizá-la. talvez então eu passe a dormir melhor.